quinta-feira, 17 de junho de 2010

Joaca revive dias épicos


Seja no braço ou de tow in, alguns surfistas desfrutaram de altas ondas na manhã da última segunda-feira (14/6) na praia da Joaquina, Florianópolis (SC).

Algumas apresentavam excelente condição, mas muitas eram rápidas demais e fechavam. Poucos que estavam na água conseguiram pegar algumas ondas. Os que estavam sendo ajudados pelos jets eram os que conseguiam aproveitar melhor.

De tarde as condições devem ter melhorado, mas as fotos foram feitas antes do meio-dia.

A idéia inicial era surfar e registrar um pico diferente em Floripa. Infelizmente não chegamos até a tão esperada onda por causa do intenso tráfego de barcos que pescavam tainha no caminho, porém depois ficamos sabendo que a onda não estava funcionando.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Cardápio completo em Mentawaii


A temporada na Indonésia continua bombando e o barco Aileoita já fez a terceira trip no último dia 27 de maio. A viagem durou 11 dias e desta vez um grupo de peruanos teve a sorte de aproveitar as ondas perfeitas da região.

Começamos pelo Norte, na área de Playgrounds. A previsão indicava que um swell entraria em quatro dias e a opção foi esperar nas ondas de Nipussy, um dos picos mais constantes da área. No dia em que o mar deu uma reagida, já estávamos colados em Bankvaults.

Quando o swell chegou fomos direto a Hollow Trees (HT’S). Estava bem legal. Nossa sorte foi poder surfar este pico sozinhos durante mais de duas horas, coisa que só tinha visto uma vez em todas as temporadas que passei por aqui. Depois o vento mudou e a única opção foi Lances Left, onde já tinham mais alguns botes.

No dia seguinte fomos a Macaronis. Agora há uma lei nova que só permite dois barcos nas poitas e de preferência tem que ter uma reserva. Nós tinhamos reserva para o dia 3 de junho e ficamos o dia todo por lá só com mais um barco e o pessoal do camp. Foi só alegria!

Já ao final da trip o mar voltou a baixar e ficamos em Thunders, lá sempre tem algum balanço nos dias flats.

O barco volta a sair no final de junho e ainda temos vagas para as saídas de 2 e 16 de setembro.

domingo, 13 de junho de 2010

Fernanda vence na volta a Matinhos (PR)


No último dia 30 de maio, a curitibana Fernanda Daichtman venceu a primeira etapa do Circuito Paranaense de Longboard em Matinhos (PR).

Com ondas de meio metro e boa formação, a atleta competiu com mais dez longboarders e surpreendeu-se com o aumento no número de competidoras.

“Tive uma enorme satisfação de correr um campeonato em casa. Há quase três anos não surfava no Pico de Matinhos. O que me surpreendeu foi o número de atletas: 11 meninas participaram do evento, sendo que o brasileiro tem uma média de dez”, fala Fernanda.

De volta ao Paraná, depois de três anos vivendo no Guarujá, litoral de São Paulo, a rotina de Fernanda está ainda mais puxada. Divide seu tempo entre treinos e viagens por todo o litoral brasileiro e sua pós-graduação em Sistema de Gestão Ambiental, em Curitiba (PR).

Experiência No final de 2009, Fernanda competiu seu primeiro campeonato mundial no Pier de Oceanside, 20 minutos ao Norte de San Diego, Califórnia (EUA).

Na primeira fase teve uma boa performance e se classificou em primeiro lugar. Nas quartas foi eliminada e terminou a competição em nono lugar. Além de adquirir experiência e surfar boas ondas, Fernanda viajou de olho em uma vaga para o mundial WWLT (Woman´s World Longboard Tour), a elite do esporte mundial.

Como não ocorreu nenhuma etapa do qualificatório na América do Sul, ela foi atrás de pontos em outra região, garantindo sua filiação à ASP (Association of Surfing Professionals). Agora Fernanda aguarda por definição da entidade sobre as convidadas para fazer parte em 2010.

Um dia depois de desembarcar no Brasil, a atleta competiu no Petrobras Longboard Classic, no Rio de Janeiro, e garantiu a terceira colocação no ranking brasileiro profissional de longboard.

Mais competições
Uma decisão tomada entre as atletas filiadas à Abrasp (Associação Brasileira de Surf Profissional) mudou as regras do campeonato brasileiro em 2010. As quatro primeiras do ranking profissional não podem participar de campeonatos amadores, a não ser que seja em seu estado de origem.

Para Fernanda a decisão é contraditória. “Quem sai prejudicado é o próprio longboard, com menos etapas para treinar, as atletas não evoluem e não podem se equiparar com atletas internacionais”, afirma.

Neste ano, está prevista apenas uma competição profissional, em novembro, na praia da Macumba, Rio de Janeiro (RJ).

sábado, 12 de junho de 2010

Pato estuda Maresias (SP)


A janela de espera para o Red Nose Tow In Championship International 2010 será aberta no dia 15 de julho e vai até o dia 30 de novembro em Maresias, São Sebastião (SP).

Para ser realizado, o evento precisa de ondas com no mínimo 3 metros. Algumas das feras do big surf já se preparam para pegar as bombas na praia localizada no litoral Norte de São Paulo.

Entre eles está Everaldo Pato, um dos expoentes do surf mundial de ondas grandes. Suas performances são reconhecidas em ondas como Jaws, Pipeline, Teahupoo, entre outros picos.

Na primeira edição - em 2008 - ele emplacou um ótimo vice-campeonato com seu parceiro, o baiano Yuri Soledade. Na edição de 2009 eles não chegaram à final, mas fizeram bonito com direito a belos tubos com muito estilo e atitude.

Pato afirma que, devido à sua agenda corrida, não são muitas as oportunidades de fazer tow-in no Brasil, além disso, seu parceiro mora no Hawaii, mas mesmo assim já está foca na preparação para o evento.

"Viajei para caramba e a primeira coisa que fiz quando cheguei ao Brasil foi começar a agilizar minha rotina de treinamentos. Estou esperando este swell, que vai entrar no final de semana, apesar de não poder treinar com o Yuri. Vou treinar com o Paulo Moura (vencedor da última edição ao lado de Wilson Nora). Ainda não sabemos aonde vamos surfar, vamos aguardar o swell se definir melhor, mas estamos na expectativa da Laje de Jaguaruna, Praia Mole ou Joaquina", diz Pato.

Sobre Maresias, o big rider considera que as condições do mar no ano passado estavam ideais, e ele espera que o mar esteja do mesmo jeito.

"As condições do mar no ano passado estavam ideais: altos tubos, altas ondas. Torço para que nesse ano a gente consiga realizar o evento em condições similares”, conta Pato.

Desafio na remada Neste ano, o Red Nose Tow In Championship International 2010 conta com a categoria Open, o "Red Nose Paddle Challenge", que premia com R$ 5 mil o surfista que pegar a maior onda, na remada – surf convencional ou Stand Up Paddle, durante a realização do Tow In Championship.

Sobre o desafio, Pato afirma que quem quiser abocanhar os R$ 5 mil terá uma tarefa difícil. Questionado sobre a possibilidade de participar do certame, ele afirma que tudo vai depender das condições do mar.

"Desde que o mar ofereça condições, estou dentro. O lance é você conseguir entrar remando em Maresias com 3 metros. Talvez seja o caso de o jet-ski nos ajudar a varar a arrebentação. Acho que isso aumentaria a possibilidade de o pessoal pegar boas ondas", avalia.

Gringos na área A edição 2009 foi prestigiada por alguns big riders estrangeiros de renome no cenário mundial como a dupla havaiana, Garret Macnamara e Kealii Mamala e o sul-africano Grant "Twigy" Baker, que fez dupla com o brazuca Renato Phebo.

O “gringos” vieram ao Brasil atraídos pela bela premiação, mais de R$ 100 mil em prêmios - maior do mundo em campeonato de ondas grandes. Sobre o prestígio do evento com os gringos, Pato analisa que este ano a procura será maior.

"Os caras (estrangeiros) estão mais ligados neste ano. Ano passado eles já sabiam do evento, mas alguns tiveram problemas com vistos e outras burocracias. Mas agora eles estarão mais preparados. A premiação é boa, as ondas são boas e tenho certeza que esse evento será muito prestigiado", conclui Pato.

O Red Nose Tow In Championship International 2010 é apresentado por Lupo. Patrocínio: Sea Doo, Casarini e Surf Trip. Apoio: Mega Group, Abrasmo, Prefeitura de São Sebastião, Gzero Tech, Santo Segurança, ASM, ASRM, ASSS. Divulgação: Fluir e Waves.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Nova bomba a caminho


O boletim do CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) desta quinta-feira (10/6) informa que o final de semana será de muitas ondas em todo litoral Sul e Sudeste do Brasil.

A formação de um ciclone sobre o Atlântico, ligeiramente afastado do continente, gera uma nova bomba de Sul / Sudeste que deve atingir as praias da região com séries que podem ultrapassar 4 metros.

Devido à dinâmica de deslocamento do sistema, o ápice do swell, que está previsto para o domingo (13/6), acontece simultaneamente entre o litoral do Rio Grande do Sul e do Espírito Santo.

O mar começa a ganhar tamanho na manhã desta sexta-feira (11/6) e só para de subir na madrugada de segunda-feira (14/6).

Os litorais paulista e carioca devem ser bombardeados. As estimativas mais otimistas mostram ondas de até 5 metros em alto-mar. Para o litoral Sul e Espírito Santo, apontam altura significativa entre 3 e 4 metros.

Nas primeiras 48 horas, o vento do quadrante Sul sopra moderado e o período fica próximo de 8 segundos. A chance de mar storm é grande.

A partir da tarde de sábado, a previsão indica fatores externos muito favoráveis: tempo bom, vento fraco e período na casa dos 11 segundos para toda região. Se tudo ocorrer dentro do previsto, o domingo será um dia clássico.

Ainda de acordo com os gráficos, essa potente ondulação terá força suficiente para atingir parte do litoral Nordeste com ondas consistentes na segunda-feira. Mas ainda é cedo para prever a real condição do mar e dos fatores externos.

Acompanhe mais detalhes sobre esta ondulação em nossas próximas atualizações.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Macumba e o Espírito Santo


A praia da Macumba (RJ) é hoje o principal palco do longboard nacional. Há nove anos define o título brasileiro e serve de pista de treino para surfistas que garantem o status do pico, como o Marcelo Freitas, que ganhou uma penca de títulos mundiais da ISA e foi vice pela ASP em 1999.

Um surfista consistente e moderno, competidor cabuloso que se sai bem em qualquer condição de mar. Na bota dele veio o André Luis, o Deca, um longboarder nato, típico filho da Macumba e que assombrou o circuito profissional ano passado. Sem falar no prodígio Roger Barros, campeão brasileiro de 2007 e rei do noseriding no Brasil. Ainda tem o Rodrigo Saci e Gabriel Nascimento, que estão bem encaminhados.

Alguma coisa acontece quando a nata do longboard nacional se reúne por lá. Se é macumba ninguém sabe quem faz, mas sempre dá onda! Brincadeira a parte, isso só pode ser resultado das boas vibrações da família longboard, e no Festival Lupa Lupa não foi diferente, só baixando um pouco no domingo.

O “mel” mesmo foram os dias que antecederam o evento, com quase 2,5 metros em alguns dias, água quente e sol. Muitos paulistas foram até o Rio prestigiar o evento promovido pelos longboarders Dionísio e Mainá Thompson, bicampeã brasileira profissional, que colocaram em jogo uma passagem para o Hawaii, além da premiação em dinheiro.

Apesar de boas apresentações acabamos ficando fora da final que foi 100% carioca. O Rodrigo Sphaier de Saquarema surpreendeu os locais, foi o mais consistente do campeonato e aproveitou bem as ondas que achou no ultimo dia, manobrando com vontade e segurança.

O Marcelo Freitas foi segundo, também vinha com atuações sólidas e no rip de uma recente barca ao Peru. Deca e Roger Barros, sempre favoritos em casa completaram o pódio. Uma final de peso que fechou o campeonato em grande estilo.

Da Macumba a galera voou ao Espírito Santo, onde disputamos pelo quarto ano consecutivo o PLC em Jacaraípe, um local que não costuma receber grandes ondulações e dificilmente quebra com as condições que encontramos lá, segundo os próprios locais.

Confesso que rezei bastante pra que isso acontecesse e acho que não fui só eu, pois o Espírito Santo nos abençoou com as ondas de 1 metro que quebraram constantemente durante os três dias de evento, apesar de irregulares em alguns momentos pelas ações do vento e maré.

O Petrobras é um campeonato muito tradicional e todo mundo sabe que é uma boa oportunidade de se consagrar. Mesmo quem já venceu não poupa esforços pra vencer de novo. Eu por exemplo estava faminto, venci o PLC da Bahia em 2005, faz bastante tempo, também tinha batido na trave na etapa da Macumba ano passado e nem podia pensar em ficar pelo caminho.

Além disso, o dia da decisão coincidiu com o aniversário da minha mãe e do meu afilhado, o que me deixou ainda mais pilhado, mas foi um campeonato complicado, cheguei com pranchas novas e não consegui me adaptar a elas. Passei a semana tomando surra do equipamento, ajustando quilhas, sem muito sucesso. Isso me desgastou muito, mas consegui transformar a preocupação em concentração, dando o meu jeito pra não cometer erros e fazer bem o que eu estava conseguindo fazer.

Algumas boas atuações merecem destaque, como o Roger Barros que abusou do hang ten e verticalizou o máximo nas batidas, mas no terceiro round ele encontrou o Matheus Cunha inspirado, que surfou com pressão na rabeta e marcou dois high scores pra eliminar o “golden boy”. Outra bateria que pegou fogo nesse round foi entre Alessandro Abolição e Jonas Lima, que surfou com muita pegada e segurança, mas o Abolição estava esperto e segurou o resultado para alegria do irmão Aladin.

No quarto round, além das boas atuações do Diguinho (Sphaier) contra o Abolição e do Jejé (Jefson Silva) contra o Phil Rajzman, merece destaque a polêmica bateria entre eu e o Rodnei Costa, um competidor de caráter e excelente surfista. Fizemos uma bateria disputada, onde o Rodney marcou um 7.50 em sua melhor onda e eu um 5.87 que achei pouco valorizada. Nos instantes finais ele precisava de uma nota 3.85 aproximadamente e com a prioridade achou uma boa intermediária.

Já estávamos na areia e o resultado demorou a sair, tornando o episódio bastante dramático. Ao anunciar a nota 3.73, a polêmica foi grande. A onda teve potencial pra virar, mas pareceu que o fato de eu ter tido uma onda desvalorizada no meio da bateria pesou na decisão dos juízes. A opinião de quem acompanhou integralmente a bateria se dividiu, para muitos o erro na avaliação foi duplo (comigo e com Rodney) e para outros os juízes agiram certo ao analisar o contexto geral da bateria. Tirem suas próprias conclusões!

A partir desse episódio me fortaleci mentalmente pensando que apesar das dificuldades os ventos estavam soprando ao meu favor. Será mesmo? Pegaria o Picuruta nas quartas!

O funil estava apertando e apesar do frio da manhã de domingo o Bahia e o Saci fizeram uma bateria quente, assim como o Diguinho e o Deca. Costumo dizer que cair com Picuruta é bom porque ele gosta de decidir bateria surfando, sem usar muitas táticas. As disputas com o Véio são francas, mas difíceis pra caramba, só que dessa vez Netuno deu uma forcinha fundamental quando parou de mandar ondas no momento que eu liderava. O bicho precisava de um “quatrinho” pra virar e estava com a prioridade. Rezei muito de novo não só pro Espírito Santo, mas pro Pai e Filho também! O Gato ria da minha cara desesperada, secando qualquer balanço do horizonte para que não virasse onda. Completou a chave a peleja entre Mulinha e Jejé, que avançou com classe!

A primeira semi foi um pouco tensa entre o Saci e o Sphaier, mas o Diguinho logo recuperou a tranquilidade para marcar um 8.83 e se garantir na final. Eu e Jejé surfamos investindo no noseriding e também fizemos uma disputa limpa, procurando sempre a performance, mas o mar já havia dado uma piorada. O Jejé está refinado, resistindo à resistência do pé no bico e mesmo assim foi a sensação do campeonato. Mas dei sorte ao encontrar uma boa esquerda que me levou pra final.

O Diguinho vinha de algumas vitórias importantes, alem de defender o caneco da etapa, ele venceu o LQS do Peru e o carioca na semana anterior. Tive a bateria na mão em dois momentos. Abri com uma onda de grande potencial, já tinha feito um longo bico, mas engasguei na hora da batida no lip, ainda no fundo. Essa onda poderia me render um high score que me deixaria em situação confortável. Na metade da bateria, o Sphaier marcou um 7.57 e me deixou precisando de um 7.58, pois ambos já somávamos a mesma nota, um 6.67.

Logo na sequência achei uma excelente onda e depois de fazer um trabalho perfeito no fundo acabei enroscando no backwash na hora de finalizar. Enquanto estava embaixo d’água o coração até doeu! Sabia que numa final não se pode deixar dúvidas, o trabalho tem que ser completo, ainda mais contra um competidor do calibre do Diguinho.

Tentei até a sirene tocar, rezei mais uma vez pedindo pela onda salvadora, mas minhas fichas estavam esgotadas. O caneco ficou mais uma vez com o cara mais consistente do campeonato. O Diguinho conhece todos os caminhos de uma bateria, tem sangue frio e domina com classe os fundamentos do longboard, é muito forte no bico e na rabeta. Em resumo, ele mereceu muito a vitória.

Uma coisa que foi legal no campeonato foi a atitude da galera competindo. Todo mundo procurou a performance máxima nas baterias, sem muita marcação e joguinhos. Impressionante como faz a diferença no contexto geral do espetáculo, todas as disputas foram surfadas até os últimos minutos, principalmente quando o mar colaborou.

Na categoria legends, Adolfo Jordão achou as melhores ondas da final e levou o caneco pra Angra dos Reis. O fato curioso e engraçado foi que ele competiu de sunga e ainda teve a moral de creditar sua vitória a sorte que a tanga lhe deu!! (risos) O vice foi o lendário Paulo Sefton, seguido dos cariocas Dario Barros e Miguel Calmon, pais do Roger e da Chloé respectivamente.

A pernambucana Atalanta Batista, irmã do cometa Halley Batista, evoluiu meteoricamente desde o ano passado e venceu tanto a etapa do carioca como o PLC, com manobras bem definidas nos dois aspectos. A Chloé Calmon foi segunda colocada, com Jasmim Avelino e Thais Tedesco completando o pódio.

O julgamento ainda tenta se adaptar com a mudança no critério, que determina a combinação entre o surf tradicional e moderno, ou seja, quem surfar em apenas um dos aspectos (moderno ou tradicional), alcançará um máximo de 75% dos pontos. Se surfar combinando os dois aspectos poderá alcançar um adicional de 25%. No entanto o tradicional só vem servindo como complemento mesmo. Esse critério novo poderia resgatar a valorização dos fundamentos do longboard, mas na real só serviu pra complicar ainda mais o trabalho dos “hômi”, que continuam vendo o surf de rabeta como o mais importante, certamente seguindo a tendência do circuito mundial.

A impressão que ficou é que agora eles tem que fazer continhas antes de darem a nota. É uma formula perigosa, que acabou ficando mais ou menos assim na prática: moderno (peso 2) + tradicional (peso 1) = provável morte do longboard! Pô, se na rabeta vale mais porque estamos surfando com uma nove pés? Seria justo peso igual para ambos os aspectos, afinando o equilíbrio entre a tradição clássica de uma modalidade que também é radical por natureza, afinal estamos falando de surf. E mais, se a onda pedir um extenso bico no critico como única manobra e o cara se pendurar com estilo e velocidade a nota tem que ser alta, coisa que não acontece mais, nem pendurando os dez dedos! Agora se neguinho vem todo afoito, dando umas batidas com a base abertona, agachado como se estivesse com uma 5'7", por incrível que pareça a nota vai ser mais alta, mesmo que não faça nem um biquinho!

A galera gosta do ataque progressivo, estamos em 2010, o futuro é agora, mas o responsável por essa tendência no julgamento mundial poderia rever alguns de seus conceitos sobre longboard. Sugiro uns filmes do CJ Nelson e Bonga Perkins, dois caras que arrebentam nas manobras progressivas e clássicas.

Apesar de ter sido um campeonato desgastante as ondas apareceram, os capixabas deram show de recepção como sempre, a galera unida, o longboard brasileiro fortalecido, a nova geração no pódio, etc...


terça-feira, 8 de junho de 2010

Silvana é a mina


Depois de oito meses longe do lugar mais alto do pódio e um começo irregular em 2010, a brasileira Silvana Lima voltou a vencer uma etapa do Circuito Mundial Feminino.

Em grande estilo, Silvana sagrou-se campeã do Movistar Peru Classic 2010, quinta etapa do World Tour encerrada nesta terça-feira (8/06) em San Bartolo, Lima, Peru.

A vitória na final veio em cima da vice-líder do ranking Sally Fitzgibbons. Com notas 8.67 e 7.83, a brasileira deixou a australiana em combinação. Sally não achou as ondas para virar e acabou derrotada pelo placar de 16.50 a 11.17.

Mas a conquista não foi o único triunfo de Silvana contra as australianas nesta terça-feira em San Bartolo. A jornada começou com boa vitória sobre Claire Bevilacqua por 13.43 a 11.23 nas quartas-de-final da competição.

Depois veio um duelo mais do que equilibrado contra a tricampeã e atual líder do ranking Stephanie Gilmore. Empatadas no placar, com vantagem para a australiana por ter feito a maior nota, Silvana teve tranquilidade para virar nos minutos finais e vencer por 11.67 a 11.00.

"Me sinto ótima. É meu melhor resultado desde o ano passado e é bom para dar confiança para o resto do campeonato. Tive bons conselhos e sinto que estive surfando bem", comemora Silvana.

Com a vitória na etapa, a cearense leva o cheque de US$ 15 mil para casa, soma 1.200 pontos no ranking mundial e pula da sétima para a terceira colocação no ranking. Bruna Schmitz, a outra brasileira na elite, foi eliminada na repescagem e tem mais quatro provas para se manter entre as dez que se classificam automaticamente ao Circuito Mundial Feminino em 2011.

A próxima parada do World Tour acontece entre os dias 7 e 11 de outubro em Peniche, Portugal. Depois o Mundial chega a Porto Rico, em local ainda não definido. Sunset Beach e Honolua Bay, ambas no Hawaii, fecham a temporada de 2010.

Resultado do Movistar Peru Classic 2010

1 Silvana Lima (Bra)

2 Sally Fitzgibbons (Aus)

3 Stephanie Gilmore (Aus)

3 Sofia Mulanovich (Per)

5 Claire Bevilacqua (Aus)

5 Paige Hareb (Nzl)

5 Coco Ho (Haw)

5 Chelsea Hedges (Aus)

17 Bruna Schmtz (Bra)

Ranking do World Tour Feminino 2010 depois de cinco etapas

1 Stephanie Gilmore (Aus) - 4.716 pontos
2 Sally Fitzgibbons (Aus) - 4.224
3 Silvana Lima (Bra) - 3.612
4 Sofia Mulanovich (Per) - 3.588
5 Chelsea Hedges (Aus) - 3.180

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Silvana cresce em San Bartolo


A brasileira Silvana Lima é uma das primeiras classificadas para as quartas-de-final do Movistar Peru Classic 2010, quinta etapa do World Tour Feminino que rola até o dia 9 de junho em San Bartolo, Lima, Peru.

Nesta segunda-feira (7/06), Silvana passou pela sul-africana Nikita Robb com o placar de 16.00 a 8.73. Agora a cearense enfrenta a australiana Claire Bevilacqua, décima quinta do ranking mundial, pelas quartas-de-final da competição.

Outro duelo já definido pela quarta fase em San Bartolo é o da neozelandesa Paige Hareb contra a australiana Stephanie Gilmore, líder do tour mundial.

Já a paranaense Bruna Schmitz foi eliminada na repescagem pela norte-americana Sage Erickson e pela peruana Anali Gomez.

O Movistar Peru Classic distribui um total de US$ 100 mil de premiação. A vencedora leva para casa o cheque de US$ 15 mil e sai com 1.200 pontos no ranking mundial.

Quartas-de-final do Movistar Peru Classic 2010

1 Silvana Lima (Bra) x Claire Bevilacqua (Aus)

2 Paige Hareb (Nzl) x Stephanie Gilmore (Aus)

Baterias pendentes da terceira fase

1 Sally Fitzgibbons (Aus) x Anali Gomez (Per)

2 Coco Ho (Haw) x Rosanne Hodge (Afr)
3 Chelsea Hedges (Aus) x Amee Donohoe (Aus)
4 Sofia Mulanovich (Per) x Sage Erickson (EUA)

domingo, 6 de junho de 2010

Bancada esquerdista


Por aqui no Tahiti, o aguardado swell está para bombar nas bancadas . Enquanto isso não acontece, uma pequena ondulação está passando por fora e fomos conferir novamente o surf nas bancadas mais ao centro.

E por mais um ano fomos visitar Special Left, favorável em condições de mar pequeno e novamente não decepcionou, apesar das séries bem demoradas, sobretudo quando rodavam redondas na bancada. E a galera não desperdiçou.

Tivemos na barca o reforço da dupla Coxinha e Vitor Faria. Bem como o shaper Akiwas, que veio conferir de perto a evolução de suas pranchas.

Vitor e Coxa estão ansiosos pelo swell que vem por aí. "Estou esperando a bomba, quero ir na maior que eu puder. Venho pra cá há muitos anos e sempre bate a ansiedade", diz Faria.

Coxinha também veio amarradão e curtiu bastante os tubinhos de

Special Left. "Valinha show, deu pra soltar o corpo depois da viagem longa", disse Coxinha.

Hizú Bettero e Franklin Serpa já estão se habituando às condições e também estão ansiosos para ver Teahupoo funcionar. Estamos aqui no aguardo. Iaorana!

sábado, 5 de junho de 2010

Do Maranhão para o mundo


O free surfer maranhense Alvaro Bacana está totalmente focado nas ondas perfeitas.

Com passagens por lugares como Tahiti, Indonésia e México, o atleta tem total sintonia com os canudos.

O atleta do Maranhão também costuma participar de competições. Este ano, Bacana venceu o campeonato de surf na pororoca, derrotando na final o paraibano Saulo Carvalho, no Rio Mearim, em Arari (MA).

O atleta também disputou as etapas do WQS em Paracuru (CE) e Fernando de Noronha (PE).

Seu próximo destino é o Tahiti, em agosto. Além de caçar os tubos no free surf, ele pretende disputar a triagem do World Tour em Teahupoo.

Bacana é patrocinado pela Stanley, tradicional marca de surfwear brasileira fundada em 1977.

"Temos contrato até 2012 e estamos fazendo um bom trabalho. Meu foco é viajar pelo mundo divulgando os produtos da marca nos principais veículos de comunicação do Brasil", diz o maranhense.

Em setembro, o atleta volta a enfrentar a pororoca e também pretende explorar algumas bancadas dos Lençóis Maranhenses.

Alvaro Bacana conta ainda com apoio da Truzz, Jamaica Surf Shop, Teccel, Mdio, Skull, Resfiber e Tick Deck.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Caio Ibelli arranca o 10


Com um aéreo double grab de frontside muito alto e aterrissagem perfeita, o paulista Caio Ibelli conquistou a primeira nota 10 do Oakley Pro Junior 2010 nesta sexta-feira (4/6) na praia da Joaquina, Florianópolis (SC). A prova decide o título brasileiro Sub-20.

Em bateria válida pelo terceiro round da competição ele não deu chances ao pernambucano Luel Felipe e estabeleceu os novos recordes do campeonato, atingindo 17.00 pontos na soma, contra apenas 8.67 de seu adversário, que está fora do evento.

"Estou muito feliz! Ontem arrisquei um aéreo rodando e não tive a sorte de voltar, mas hoje graças a Deus deu certo e ainda consegui mandar mais uma na junção. Estou com muita vontade de passar minhas baterias neste campeonato", revela o instigado Caio Ibelli.

"Quando veio, a direita estava bem buraco e eu sabia que se desse uma cavada poderia perder a onda. Então logo que dropei já fui pro aéreo. Consegui mandar ele bem alto, voltei bem suave e já preparei a próxima manobra. Já dei um passo muito importante que foi passar este round, mas no próximo começa tudo de novo e se Deus quiser quero continuar na briga", diz o guarujaense voador.

Outro voador que se deu bem na terceira rodada foi o paranaense Peterson Crisanto, que além do vôos conseguiu lincar bem as manobras de ataque ao lip e com 12.40 a 5.80 pontos eliminou o jovem catarinense Luan Wood.

"Na minha opinião, o mar hoje está bem melhor do que ontem, mais alinhado, o que facilita mais as manobras. O vento também está ajudando para mandar os aéreos de frontside", explica Petersinho.

O capixaba Krystian Kymerson mais uma vez não deu mole e em meio a um mar mexido conseguiu encontrar duas direitas boas para novamente manobrar forte e ser um dos destaques do terceiro round. Ele eliminou o catarinense Bruno Morais, que vinha de boas atuações, pelo placar de 13.50 a 7.54.

"Estou feliz que consegui passar bem e agora vamos para as oitavas. Vou cair com o Yuri Gonçalves que surfa muito bem. Espero achar boas ondas e que dê tudo certo em nome de Jesus. O mar baixou mais em relação a ontem que ainda tinha umas ondinhas e o vento piorou bastante, mas deu para achar alguma coisa", relata Krystian Kymerson.

Na sequência entram na água as baterias das oitavas-de-final.

Oitavas-de-final do Oakley Pro Junior 2010

1 Medi Veminardi (Fra) x Marco Fernandez (BA)
2 Caue Wood (SC) x Santiago Muniz (SC)
3 Krystian Kymerson (ES) x Yuri Gonçalves (SC)
4 Bryan Franco (SP) x Jessé Mendes (SP)
5 Miguel Pupo (SP) x Marthen Pagliarini (SC)
6 Italo Ferreira (RN) x Ian Gouveia (SC)
7 Peterson Crisanto (PR) x Caio Ibelli (SP)
8 Yan Guimarães (RJ) x Pedro Husadel (SC)

Terceira fase do Oakley Pro Junior 2010


1 Medi Veminardi (Fra) 8.64 x Matheus Toledo (SP) 4.70
2 Marco Fernandez (BA) 9.74 x Ricardo dos Santos (SC) 8.24
3 Caue Wood (SC) 8.67 x Filipe Braz (RJ) 6.53
4 Santiago Muniz (SC) 12.17 x Vicente Romero (SC) 8.67
5 Krystian Kymerson (ES) 13.50 x Bruno Morais (SC) 7.54
6 Yuri Gonçalves (SC) 8.16 x Bruno Lopes (SC) 6.23
7 Bryan Franco (SP) 8.26 x Daniel Gonçalves (RJ) 6.87
8 Jessé Mendes (SP) 11.73 x Diego Michereff (SC) 11.70
9 Miguel Pupo (SP) 9.93 x Gustavo Araújo (SP) 5.70
10 Marthen Pagliarini (SC) 10.33 x Rafael Teixeira (ES) 6.76
11 Italo Ferreira (RN) 9.07 x Jonathan Busetti (SC) 7.06
12 Ian Gouveia (PE) 11.20 x Tamae Bettero (SP) 9.60
13 Peterson Crisanto (PR) 12.40 x Luan Wood (SC) 5.80
14 Caio Ibelli (SP) 17.00 x Luel Felipe (PE) 8.67
15 Yan Guimarães (RJ) 10.43 x Júlio Terres (SC) 7.23
16 Pedro Husadel (SC) 12.17 x Thiago Guimarães (SP) 4.80

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Gatas voltam ao rip


O Movistar Peru Classic, válido pela quinta etapa do World Tour Feminino, acontece entre os dias 5 e 9 de junho em San Bartolo, Lima, Peru.

O evento distribui um total de US$ 100 mil de premiação. A vencedora leva para casa o cheque de US$ 15 mil e soma 1.200 pontos no ranking mundial.

Décima quinta no ranking, a brasileira Bruna Schmitz tem uma missão difícil logo na rodada de abertura. Bruninha encara a australiana Stephanie Gilmore, que venceu três das quatro etapas da temporada, além de mais uma wildcard do evento.

Ainda na primeira fase, Silvana Lima, sétima no Tour, enfrenta a neozelandesa Paige Hareb e a norte-americana Sage Erickson.

Machucadas, as atletas Jessi Miley-Dyer (Aus) e Lee Ann Curren (Fra) não viajam ao Peru. A revelação havaiana Carissa Moore, 17, também é desfalque no evento, pois terá compromissos escolares na data da competição.

Primeira fase do Movistar Peru Classic 2010

1 Melanie Bartels (Haw), Rebecca Woods (Aus) e Nikita Robb (Afr)
2 Silvana Lima (Bra), Paige Hareb (Nzl) e Sage Erickson (EUA)
3 Stephanie Gilmore (Aus), Bruna Schmitz (Bra) e atleta convidado
4 Sally Fitzgibbons (Aus), Amee Donohoe (Aus) e atleta convidado
5 Sofia Mulanovich (Per), Rosanne Hodge (Afr) e atleta convidado
6 Chelsea Hedges (Aus), Coco Ho (Haw), Claire Bevilacqua (Aus)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A melhor onda da vida


O choro da sala de parto é o primeiro sopro de vida no mundo real, a primeira expressão de vontade do filho. Como quem diz : agora que me tiraram da barriga e eu estou aqui neste mundo de luzes ofuscantes cercado de gente com máscaras, quero dizer que sou cheio de vontades. A primeira delas é ir para o colo de quem me levou na barriga por nove meses, é beber o leite materno, como manda a minha natureza.

Vivi por duas vezes o milagre de ser pai. Em cada uma delas, senti um turbilhão descontrolado de emoções indescritíveis, que um amigo, o Klebinho, certa vez resumiu numa frase: a melhor onda da vida. É a descrição mais sincera que já ouvi de um pai surfista.

Entre o choro da vida e o primeiro colo, imaginei se minhas filhas pegariam onda. Sabia que o momento não era adequado, mas a ideia simplesmente veio à cabeça – saiu de algum lugar onde só o existe desejo e chegou, sem parar em blitz de lei seca, na casa da razão.

A primeira imagem é a das filhas dividindo o line-up de alguma praia perdida de águas azuis e mornas, sem crowd, numa sessão sublime em família. Eu remo de volta para o outside enquanto vejo a mais velha se entocar num tubo para a esquerda e a mais nova, na direita, voar num alley-oop. As duas, com sorriso provocativo no rosto, voltam gritando:

- Quero ver fazer igual, pai!

Ato contínuo, passa em minha cabeça um filme em corte seco dos 549 perrengues que já passei nos mares do mundo. Recuo, diante daqueles frágeis e doces pedacinhos de gente que, a esta altura, já dormem sossegadas no meu colo.

Aquele dia de quase afogamento no Leblon, com a prancha sendo triturada nas pedras e a boca me levando para alto mar, as duas ondas seguidas de caldo na arrebentação nervosa de Asu, as incríveis furadas em que todo surfista se mete em viagens para encontrar as ondas certas e os tantos outros perigos que rondam o esporte: não há como garantir, tanto no surfe como na vida, um filme editado apenas com os melhores momentos.

Relaxei, e vi que aqueles sonhos eram meus, e não delas. Como um pai surfista, eu deveria deixar que elas tivessem seus próprios sonhos, sejam lá quais forem. Afinal, tanto no mar quanto na vida, uma onda nunca é igual à outra. Há ondas parecidas, mas, iguais, não.

Se um dia elas quiserem realmente pegar onda, eu estarei lá para ensiná-las alguns atalhos importantes. Se quiserem ser jornalistas, também vou poder ajudar. Se quiserem ser cientistas, astronautas, poetas, bailarinas ou cantoras – e se essas opções ou quaisquer outras forem os seus sonhos – estarei lá, disposto a tudo para torná-los realidade.

Muitas alegrias depois, chegamos ao Natal do ano passado, em Búzios. Ana, aos cinco anos, brinca de descer ondas com um pequeno bodyboarding o dia inteiro. E insiste: pai, me empurra nas maiores! O velho surfista, entre emocionado e preocupado, lança a filha com cuidado nas intermediárias. Tá de bom tamanho, para começar.

Noutra viagem, desta vez para Itacaré, deixo-a com a turma da recreação do hotel para cuidar da filha caçula. Quando volto, um casal de amigos me conta que ela deu um show na aulinha de surfe. Pegou sete ondas até a beira de longboard. A base, o estilo bonito e o esforço para botar no corte lembram os rolés de skate que ela dá com o pai desde os dois anos.

Deixei a pequena tão à vontade para decidir o próprio caminho que eu, um pai apaixonado pelo mar, sequer estava perto em sua primeira vez em pé na prancha. Restaram, para meu deleite, algumas fotos feitas por um casal de amigos do Sul. Quando cheguei à praia, todo mundo veio me perguntar se ela já surfava há tempos. Pensei que, de uma certa maneira, sim.

Todo orgulhoso, assuntei com a própria estrela como tinha sido a experiência:

- Ah, pai, foi maneiro – desconversou, para logo ir catar conchas com um amiguinho.

Ana completa hoje 6 anos. Talvez ela seja surfista, talvez não. Talvez Lara, a caçula espoleta de temperamento forte, peça uma prancha no Natal de 2020. Talvez nada disso aconteça. Uma se torne pesquisadora, a outra bailarina. O que importa mesmo é viver com paixão, com uma vontade de viver tão genuína quanto a de um bebê que pede o leite ao nascer.

Fonte: Waves

terça-feira, 1 de junho de 2010

Com a palavra, Mineirinho


Embora tenha acompanhado toda a evolução da carreira de Adriano de Souza, até por morarmos na mesma cidade, Guarujá, sempre tive vontade de ''enquadrá-lo'' para uma entrevista.

Resolvi enviar algumas perguntas pelo seu perfil no Facebook, e que foram respondidas durante o trajeto dele de volta ao Brasil depois de uma trip para a Indonésia.

Além de compartilhar o seu dia-a-dia com a galera, Mineirinho também aproveita a interatividade da rede social para fazer promoções, como uma em que ele premia o fotógrafo e o cinegrafista que produzirem as suas melhores imagens.

Na entrevista abaixo, uma de nossas maiores esperanças de título mundial dá sua opinião sobre diversos temas, como a polêmica declaração de Kelly Slater depois da derrota para Jadson André na etapa do Brasil. Entre outros assuntos, Adriano de Souza também se declara fã do Waves.

Quais foram as principais evoluções espirituais daquele Mineiro que aprendeu a surfar na escolinha do Alcino "Pirata" Neto para o Mineiro top 5 de hoje?

Tudo o que consegui foi com muita dedicação e muita raça. A maior sorte que tive no início da carreira foi a de encontrar as pessoas certas, que me colocaram para o mundo. Neste caso o meu irmão, Pirata. E quem me projetou no surf mundial foi o Pinga (Luiz Campos), que até hoje é a peça principal da minha carreira.

Você já realizou grande parte dos seus objetivos. Fora o título mundial, quais são seus maiores sonhos?


Todos eu já realizei. O bom é que agora tenho um único sonho, o de conseguir a taça mais cobiçada do mundo. Por isso tenho que batalhar muito ainda.

Você esperava se tornar o surfista brasileiro mais respeitado do Circuito Mundial até hoje?


Cara, na verdade há milhares de surfistas no Brasil que não têm aqui o respeito que possuem lá fora. Tento fazer as minhas coisas e, é claro que se conseguir o meu maior sonho, isso virá automaticamente.

O que achou da declaração de Kelly Slater dizendo que quer ver o Jadson André em Pipeline ou Teahupoo?


Ele quer ver o Jadson para baixo, como fez com vários, devido ao poder que tem nas mãos. Mas o Jadson vai evoluir com tempo e está no caminho certo.

Temos o Pinga que está sempre dando o maior suporte para ele. Hoje tenho o Jadson como exemplo e ele veio para incomodar. Se já afetou a cobertura, imagine o primeiro andar.

Quem são seus shapers?

Bom, tenho três shapers oficiais: DHD, Tokoro e Timmy Partteson. São três pessoas que estão sempre na minha capa de prancha.

Qual foram as pranchas mágicas da sua vida?

Ricardo Martins, que me colocou no topo do mundo pela primeira vez com a prancha que fui campeão mundial Pro Junior; a do Isac, quando fui campeão Iniciante bem no início da minha carreira e, para finalizar, as DHD’s, nas quais no ano passado fiz duas finais do World Tour com a mesma prancha (Snapper Rocks e Imbituba).

Qual sua onda preferida?

Canto das Astúrias, Guarujá.

Você despontou muito cedo, com 15, 16 anos. Nesta idade, muitos surfistas cansam de viajar o mundo e a saudade da família aperta. Quando caiu na estrada, achava que era mais fácil ou já esperava esta correria? Como você vê essa molecada que acaba cansando rápido, ou melhor, não foram preparados psicologicamente para isso?

Bom, concordo com seu ponto de vista, mas o que me deixa vivo é a vontade de me tornar campeão do mundo. Vou fazer de tudo para conseguir, vou lutar até as minhas últimas energias.

Você é um internauta nato. O que acha do site Waves?

O Waves é chave principal do surf brasileiro e sempre estou na internet ligado nas notícias. Hoje posso dizer que sem a net a minha vida ficaria difícil (risos).

E as promoções no Facebook? De onde tirou a ideia de premiar um fotógrafo com R$ 500 e um cinegrafista também?

Bom, queria muito ver o meu Facebook bombar. O que mais o pessoal quer ver são fotos e vídeos. A partir disso, veio a ideia de premiar o pessoal e também interagir com eles, para postarem fotos e disputar com os melhores do Brasil. Isso é bacana.

Se pudesse apostar, quem seriam os top 3 neste ano?

É muito cedo para dizer. Ano passado, Mick Fanning era top 8 e foi para liderança em três eventos. Eu aposto no Jadson entre os três este ano.

Da nova geração brasileira, quem você acha que estará no World Tour nos próximos cinco anos?

Bom, a minha aposta vai para toda esta molecada que está chegando. Não quero colocar certos nomes e esquecer do restante.

Eu aposto em todos e deixo bem claro todos têm chances de se tornar um atleta WT e ser campeão. Não queremos mais atletas se preparando para entrar no WT, e sim atletas que se prepararam para ser campeões. Entrar no WT é consequência do processo.

Só para finalizar, por que o apelido ''Mineiro''? Você é come-quieto?

Estou sempre comendo pelas beiradas. Vêm do meu irmão, come-quieto, daí eu recebi este apelido pelos amigos dele. Valeu, Sylvinho, pela oportunidade. Estou no aeroporto de Cingapura e voltando para casa.